A Estónia é um país pacifico e acolhedor onde os habitantes tiveram a sua revolução sem armas, sem sangue, sem guerra. Dizem eles ( e o filme que vi sobre isso) que eram tão pouquinhos (coitadinhos) que lutar contra os Russos era ridículo (não gostam lá muito dos russos por aqui) e então usaram a única arma que tinham, a voz (se calhar tinha tudo voz de cana rachada e ouvir milhares a cantar é capaz de ser doloroso). Cantaram tanto que os russos se foram embora e pronto. Os estónios estão sempre muito orgulhosos desta revolução pacífica.
Ora, eu tenho cá para mim que lhes fez muita falta umas boas bofetadas, umas desavenças aqui e ali, uma revolução à séria, onde as pessoas gritam e rosnam e arrancam os cabelos. Digo isto, não por ser a favor da guerra, porque não sou, mas porque neste estranho país em que fui cair, as pessoas desconhecem coisas como "posso passar se faz favor?" ou "desculpe ter-lhe dado um encontrão". Estranho não é? Um povo tão pacífico e depois passam a vida aos encontrões. E não são toquesinhos... São encontrões à séria daqueles que magoam e deixam nódoas negras (mesmo com as roupas todas enchoriçadas que tem de se usar). Desviar quando há mais do que espaço para passar ao lado é mentira. Seguem a máxima de "o caminho mais curto entre eu e o meu destino é uma linha recta" e toca de levar tudo à frente, de atirar pessoas para afrente dos autocarros, dos eléctricos e de uma mistura que eles cá têm entre os dois (uns autocarros eléctricos que têm antenas e parecem cigarras).
E eu, coitadinha de mim, que no meio destas torres loiras que são só pernas pareço uma escrava anã, ando a desviar-me e a ser albarroada dia sim dia não ao mesmo tempo que fico estúpida de indignação quando não há sequer um olhar para trás para confirmar que não morreu ninguém.
Tudo isto é válido para condutores de carros e autocarros que parecem andar sempre atrasados e se o obstáculo são pessoas não faz mal nenhum passar-lhes por cima. Mesmo nas passadeiras. Se se tem o azar do sinal ficar vermelho para os peões quando se está no meio da passadeira bem se pode dizer adeus à vida e aos ouvidos porque começam logo a acelerar para cima de quem estiver a passar é um chinfrim de buzinas que só mesmo visto.
Enfim, está a ser giro! A sério! Até porque posso expressar a minha indignação à vontade e com palavras feias porque eles não vão perceber.